A PERGUNTA GANHA OUTRAS IMPLICAÇÕES EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL
O distanciamento social e o confinamento imposto a cidades e países inteiros afetaram profundamente a rotina de todos. Isso também fez que cultos fossem cancelados e igrejas fossem fechadas, sem data para retornar. Em lugar de nos reunir, como é o nosso desejo natural em tempos de crise, o medo de contrair a doença nos separou. Milhões de pessoas foram até mesmo impedidas de se reunirem para chorar seus mortos!
A pandemia tem sido um sinal de alerta, tanto em nível apocalíptico
como existencial. A ciência, o dinheiro, a tecnologia e os governos falharam
na prevenção da Covid-19. Embora a medicina possa lidar com os sintomas, por enquanto não pode curar a doença. Nesse processo, muitas atividades que absorvem nosso tempo e energia foram afetadas, como estudo,
trabalho, encontros sociais, compras, passeios e a liberdade de ir e vir. Paralelamente a isso, os índices de desemprego sobem e o risco de contaminação em vários lugares ainda é alto.
Enfim, quando tudo nos é tirado, somos confrontados com o que e
quem realmente importa.
TODOS PODEM FAZER ALGO. SEJA PELO PRÓXIMO QUE ESTÁ NA CASA AO
LADO OU À DISTÂNCIA DE UM CLIQUE
Tivemos de encontrar novas maneiras de estudar e trabalhar.
Tivemos que achar outras maneiras de cuidar dos idosos e vulneráveis de nossa família e comunidade.
A crise atual nos desafiou a mais uma vez perguntar para Cristo:
quem é nosso próximo? (Lc 10:29).
Na parábola do bom samaritano, o primeiro a tropeçar na vítima semimorta manteve distância e passou para o outro lado. O segundo também procurou se preservar. Esses dois homens entenderam que tinham que seguir os protocolos sanitários e cerimoniais previstos para sua posição social.
Porém, sem se preocupar com a própria segurança ou reputação, o herói improvável da parábola, o bom samaritano, agiu com base na compaixão. Fez tudo o que podia, de acordo com o tempo e o dinheiro de que dispunha. Socorreu a vítima de assalto, tratou suas feridas, pagou as despesas de sua
hospedagem e se comprometeu a cobrir despesas extras quando voltasse.
Hoje, a resposta à pergunta “quem é meu próximo?” será encontrada de muitas maneiras, porque cada problema é um chamado ao ministério criativo. Os jovens, por exemplo, que são nativos digitais, têm sido movidos pelo Espírito de Deus a usar sua criatividade e energia para demonstrar
de novas maneiras seu amor pelo próximo em tempos de distanciamento social. E, nesse sentido, todos podem fazer algo. Seja pelo próximo que está na casa ao lado ou à distância de um clique.
E quanta criatividade tenho visto! Seja na doação de alimentos para idosos e pessoas necessitadas nas Filipinas; na produção de vídeos motivadores para doentes, idosos e crianças da Europa, Estados Unidos e Ásia; na confecção de máscaras caseiras ou em manifestações contra o racismo. Parece que as restrições nos pressionam a ser mais criativos.
Em meio à pandemia, podemos servir na segurança de que nenhum esforço é desperdiçado quando cumprimos o mandado de Cristo. E, quando Ele retornar, mais cedo do que se imagina, nosso Senhor acertará conosco qualquer despesa extra pendente. ]
LISA BEARDSLEY-HARDY é diretora do Departamento de Educação da sede
mundial adventista, em Silver Spring, Maryland (EUA)