Palavra soberana

10 dias de oração – tema 3

Segundo a Biblioteca Britânica, atualmente existem 48 cópias da Bíblia de Gutenberg, embora nem todas estejam completas – algumas são apenas fragmentos.

A cópia em exposição na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos é um exemplar completo em pergaminho e uma das três cópias perfeitas feitas nesse material no mundo. As outras estão na Bibliothèque Nationale, em Paris, e na Biblioteca Britânica, em Londres (https://www.bbc.com/portuguese). Por que esse livro tem atraído tantas pessoas durante séculos? Por que nos sentimos

tão diferentes quando refletimos sobre seus ensinamentos? Qual é o tema central? Há pelo menos quatro razões que tornam esse livro tão sublime.

I. A origem da Palavra

Quando falamos da Palavra de Deus, estamos tratando de algo que está acima de qualquer suposição ou especulação humana. Embora tenhamos elementos humanos presentes na transmissão da Palavra, nunca devemos esquecer que sua origem é marcada por uma “verdade divina expressa em linguagem humana” (Nisto Cremos, p. 16).

Há vários textos que comprovam sua origem:

“porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o

ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Timóteo 3:16).

“Antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas” (Hebreus 1:1).

“Aquele que conhece a Deus e a Sua Palavra por experiência pessoal tem uma firme fé na origem divina das Santas Escrituras. Tem provado que a Palavra de Deus é a verdade” (A Ciência do Bom Viver, p. 462).

A Palavra de Deus tem seu selo, sua assinatura e sua identidade. Por revelar o ser humano como ele de fato é e por revelar a graça salvadora em Jesus Cristo, não resta dúvida de seu caráter divido e de seu poder sobre-humano no coração de todo aquele que crê em sua inspiração.

II. A autoridade da Palavra

A autoridade da Palavra está intimamente ligada a quem a pronuncia. Nossa confiança ou credibilidade em qualquer coisa que ouvimos ou lemos depende de suas fontes.

De acordo com os profetas, por ser Deus o responsável por Sua própria Palavra, tudo aquilo que Ele pronuncia acontece.

“Em resposta, Simão disse: — Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sob esta sua palavra, lançarei as redes. Fazendo isso, apanharam grande quantidade de peixes; e as redes deles começaram a se romper” (Lucas 5:5, 6).

“Então ele me disse: — Profetize para estes ossos e diga-lhes: “Ossos secos, ouçam a palavra do Senhor…

Profetizei como ele me havia ordenado. O espírito entrou neles, eles viveram e se puseram em pé. Formavam um exército, um enorme exército” (Ezequiel 37:4, 10).

“E maravilhavam-se com a sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade” (Lucas 4:32).

Não há dúvida de que os textos que mais declaram a autoridade das Escrituras se encontram em Mateus e em Lucas ao Cristo declarar “Está escrito” (Mateus 4:4, 7, 10; Lucas 20:17).

A Bíblia é um livro de autoridade, é um livro autorizado,

pois Deus o escreveu. “Oh, temam, não a desprezem; observem sua autoridade, porque é a palavra de Deus” (Charles Spurgeon).

III. O poder da Palavra

Quando aplicada no coração pela pessoa do Espírito Santo, a Palavra de Deus é capaz de fazer uma obra que nenhum ser humano pode fazer. Paulo deixa isso muito claro em Hebreus quando afirma:

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para julgar os pensamentos e propósitos do coração”

(Hebreus 4:12).

Ao comentar a palavra “viva” ao aplicar a Bíblia, vemos a importância que Donald Guthrie afirma: “Que a Palavra é viva demonstra que reflete o caráter verdadeiro do próprio Deus, a fonte de toda a vida. Este tipo de vida é cheio de energia para realizar sua finalidade declarada” (Donald Guthrie, Hebreus – Introdução e Comentário, p. 111).

Toda obra da Palavra de Deus em nosso coração tem como propósito nos tornar mais semelhantes a Ele. Por isso, pregar a Palavra é mostrar que existe esperança para o homem caído. Ellen G. White afirmou: “Pela atuação do Espírito Santo, a Palavra de Deus é uma luz quando se

torna um poder transformador na vida de quem a recebe.

Implantando-lhes no coração os princípios de Sua Palavra, o Espírito Santo desenvolve nos homens os predicados de Deus” (Refletindo a Cristo, p. 203).

Durante a Segunda Guerra Mundial, a lancha-torpedeira do tenente John foi bombardeada e afundada por um contratorpedeiro japonês perto das Ilhas Salomão. Após se agarrarem aos destroços de seu barco por algumas horas, os onze sobreviventes decidiram tentar nadar até uma ilha que se avistava à distância.

Cinco horas depois, eles chegaram exaustos a praia.

A ilha, porém, era desabitada. Mais tarde, o tenente John e seu imediato George Ross decidiram ir a nado até outra ilha para pedir ajuda. Enquanto estavam nadando, alguns nativos, em suas canoas, os viram e remaram na direção deles. Os dois americanos sabiam

que essas ilhas do Pacífico haviam sido habitadas por canibais ferozes. Quando as canoas se aproximaram, eles devem ter se perguntado se seriam resgatados ou devorados.

Felizmente para George Ross e o tenente John, que não era outro senão John Kennedy, que mais tarde se tornaria presidente dos Estados Unidos, os nativos daquelas canoas eram adventistas do sétimo dia.

Embora seus ancestrais tivessem sido canibais, eles haviam se convertido pela Palavra de Deus (Signs of the Times, janeiro de 1995, p. 22).

Esse é um dos exemplos do maravilhoso poder que há na Palavra de Deus. Vidas foram preservadas porque outras vidas foram transformadas, tudo porque um dia ouviram, acreditaram e aceitaram a mensagem de missionários que simplesmente apresentaram a Palavra como ela é.

IV. O centro da Palavra

Abrir as Escrituras é ter um encontro com Cristo. É verdade que nesse livro vamos nos deparar com a poesia dos Salmos, as vibrantes experiências de reis e profetas, as singularidades dos evangelhos e o fervor na igreja nascente no livro de Atos, a sublimidade do livro de Hebreus e os deslumbrantes livros proféticos, mas nenhum deles

tem seu fim em si mesmo, pois o conteúdo e a revelação das Escrituras se encontram em Cristo.

John Stott afirmou essa grande verdade ao fazer uma tremenda declaração sobre a centralidade de Cristo nas Escrituras. Ele disse: “Há apenas um modo de adquirir concepções claras, verdadeiras, revigorantes e sublimes a respeito de Cristo, e esse modo é pela Bíblia. A Bíblia é o prisma através do qual a luz de Jesus Cristo decompõe-se

em suas múltiplas e admiráveis cores. A Bíblia é um retrato de Jesus Cristo” (John Stott, Entenda a Bíblia, p. 8).

Cristo é o centro das Escrituras, e todo o conteúdo delas, seja profético, histórico, teológico e doutrinário, encontra Nele sua origem e destino. Veja algumas passagens que confirmam isso:

“Vocês examinam as Escrituras, porque julgam ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (João 5:39).

“Porque, se vocês, de fato, cressem em Moisés, também creriam em mim; pois ele escreveu a meu respeito” (João 5:46).

“De fato, alguns dos nossos foram ao túmulo e verificaram a exatidão do que as mulheres disseram; mas não o viram. Então ele lhes disse: — Como vocês são insensatos e demoram para crer em tudo o que os profetas disseram! Não é verdade que o Cristo tinha de sofrer e entrar

na sua glória. E, começando por Moisés e todos os Profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras” (Lucas 24:24-27).

Além dessas declarações, há muitas outras no Antigo Testamento que apontavam para o Messias vindouro, e o livro de Mateus é o mais contundente a esse respeito:

• Mateus 1:23 – Seu nascimento virginal: Isaías 7:14

• Mateus 2:6 – o local de Seu nascimento: Miqueias 5:2

• Mateus 2:15 – Seu retorno do Egito: Oséias 11:1

• Mateus 8:17 – Suas curas e Seu sacrifício: Isaías 53:4

• Mateus 13:34 – o uso de parábolas: Salmo 78:2

• Mateus 21:5 – Sua entrada em Jerusalém: Zacarias 9:9

• Mateus 21:42 – a rejeição por parte dos líderes:

Salmo 118:22

• Mateus 26:3 – Seu abandono: Zacarias 13:7

• Mateus 27:34, 48 – Sua crucificação, vinho com fel

e vinagre: Salmo 69:21

• Mateus 27:35 – a crucificação e a divisão das vestes: Salmo 22:18

• Mateus 27:39, 40 – a zombaria na cruz: Salmo 22:7

• Mateus 27:46 – Sua crucificação e Seu clamor:

Salmo 22:1

• Mateus 27:57-60 – Seu sepultamento: Isaías 53:9

Cristo fala para todos nós hoje através das Escrituras.

Se você quer que Deus fale diretamente com você, leia a Bíblia e ouça a voz de Cristo. Em todos os livros das Escrituras, Cristo procura Se tornar real a Seus seguidores. Por isso, experimente de forma diária e profunda a jornada cristã ao ler esse livro e nunca se esqueça de que

o próprio Cristo falará ao seu coração. Ellen G. White afirmou:

“O mesmo poder exercido por Cristo enquanto andava visivelmente entre os homens acha-se em Sua Palavra. Era por Sua palavra que Jesus curava a doença e expulsava os demônios; por Sua palavra, acalmava o

mar, e ressuscitava os mortos; e o povo dava testemunho de que Sua palavra tinha autoridade. Ele falava a Palavra de Deus, a mesma que falara a todos os profetas e mestres do Antigo Testamento. Toda a Bíblia é uma manifestação de Cristo” (A Ciência do Bom Viver, p. 122).

Apelo

Ao ler a Palavra, lembre-se de que seu conteúdo tem origem divina com linguagem humana, de que sua autoridade e poder vêm de Deus e de que o centro é Cristo.

Pr. Lucas Alves

Secretário Ministerial – DSA