10 dias de oração – Tema 5
Outro dia, lendo um livro muito interessante, eu me deparei com uma pergunta-reflexão extremamente intrigante. O autor afirmava que num futuro muito próximo não haveria mais pessoas dispostas a pregar, fazer campanhas evangelísticas, estudar a Bíblia com outras pessoas nem haveria mais batismos. Em última análise, ele dizia que a pregação do evangelho e sua missão estariam mortas. O motivo e causa disso é que as crianças e
adolescentes estavam perdidos (sem rumo, sem direção e sem paixão pela missão). Ele terminava sua afirmação apontando que os filhos estavam perdidos porque seus pais estavam perdidos. Isso me parece uma verdade impactante.
A pergunta que fica é: O que podemos fazer para transmitir esta paixão pela Missão que deve ser transmitida de pais para filhos dentro do seio da família?
Desenvolvimento do Tema
Todo indivíduo tem sua vida tomadas de decisões, percepções, ações e suas relações motivadas e contruídas pelos valores e princípios que o norteiam. Como cristãos,
extraímos esses princípios e valores da Bíblia Sagrada, que é nosso código de conduta e convivência. A família é a principal instituição criada por Deus com a responsabilidade de transmitir Seus valores de geração em geração, sendo a convivência familiar a metodologia mais eficiente para a execução de tal tarefa. Como a Bíblia trata do tema “relacionamento entre pais e filhos”?
Essa relação entre pais e filhos é tão relevante que o próprio Deus tomou tempo para escrever com Seu dedo um dos mandamentos que deve nortear nossa vida. A convivência nessa relação é expressa no quinto mandamento:
“Honra teu e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o teu Deus, te dá” (Êxodo 20:12). Tal é sua relevância que, além de tratar dessa relação tão significativa, o mandamento traz uma promessa para aqueles que respeitarem esse preceito, e a ordenança é reforçada por Paulo: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor,
pois isto é justo” (Efésios 6:1). “Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor” (Colossenses 3:20).
Os pais são aqueles eleitos por Deus para assumir a maior responsabilidade e desfrutar o maior privilégio que um ser humano mortal e pecador pode ter, compartilhar com Deus a criação da vida e segurar na mão de um ser humano em desenvolvimento para conduzi-lo no caminho em direção ao triunfo como cidadão nesta vida e alcançar por meio de Cristo a vida eternal. Nada pode ser maior para um pai.
A Bíblia vai muito mais além, não se detém apenas na obediência e honra que os filhos devem aos pais. Ela também apresenta aos pais a responsabilidade da paternidade
e orienta-os em como proceder nesta tarefa altamente relacional. Primeiramente, ela aponta aos pais, cuja tarefa é ensinar o filho no caminho em que deve andar, para
que, ao se tornar homem, ele saiba como proceder e se portar (ver Provérbios 22:6).
Após dizer aos pais qual é sua tarefa, a Bíblia apresenta em uma de suas passagens mais emblemáticas “o como” conduzir essa linda e complexa relação na arte de ensinar.
“Ouve, pois, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Deus.
Amarás, pois, o Senhor, teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração: Tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
Também as atará como sinal na tua mão e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Deuteronômio 6:4-9). Essa orientação sai do teórico. Ela ensina pais e filhos que o relacionamento real e verdadeiro é aquele desenvolvido na vida diária, em cada momento desfrutado juntos, quando os
pais, ao se relacionarem com o filho, tornam-se condutos dos valores que o Senhor quer fazer chegar à próxima geração, perpetuando assim as verdades de Deus.
Nessa relação, um dos grandes desafios é a forma como os pais lidam com seus sentimentos na hora da contrariedade. Na hora da disciplina, que deve ser justa, correta e
verdadeira, mas também aplicada com amor e respeito,com o objetivo de reconduzir os filhos de volta ao caminho, muitos pais se perdem e quebram os vínculos da relação com os filhos. Para esse momento, a Palavra Sagrada orienta: “E vocês, pais, não provoquem os seus filhos à ira, mas tratem de criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6:4) Pais, não irritem os seus filhos, para que eles não fiquem desanimados. O relacionamento do pai com o filho não pode ser uma ditadura nem uma anarquia. Sobre os pais repousa a autoridade, e isso deve ser intocável, mas trata-se de uma autoridade construída em amor, e não em medo.
Como já dissemos, a família é a ferramenta de Deus para a transmissão de Seus princípios e valores, e essa transmissão acontece principalmente através do relacionamento entre pais e filhos, no qual os pais devem representar Deus, Seu amor e Sua vontade na vida dos filhos.
Portanto, a construção desse relacionamento é fundamental para que os filhos aprendam o caminho que Deus quer ensinar por meio dos pais e sua parte na pregação do evangelho.
Atitudes que colaboram para a construção de um relacionamento saudável com os filhos, promovendo assim, a transmissão dos valores e princípios eternos bem como a responsabilidade pela missão da igreja: levar a verdade de Cristo àqueles que ainda se encontram na escuridão da ignorância do conhecimeno de Cristo e Seu plano salvífico.
Ame seu filho: Muitas vezes, os pais imaginam que amar seu filho é trabalhar arduamente para suprir-lhe as necessidades de alimentação, moradia, saúde, educação.
De fato, fazemos tudo isso por quem amamos (filhos), mas não necessariamente eles se sentem amados por receber isso. Eles precisam de atenção, de carinho e da nossa presença (ver 1 Coríntios 13:1-3).
Cultive amor e respeito entre os pais: Poucas coisas produzem mais segurança emocional para uma criança/adolescente do que perceber na vida diária como seus pais se amam e se respeitam (ver Efésios 5:33).
Aceite seu filho: O senso de pertencimento é fundamental para que eu desenvolva relacionamentos fortes e verdadeiros com alguém. Os pais não devem “fechar os olhos” para os erros ou defeitos dos filhos, mas devem deixar claro que seu amor é incondicional (ver João 6:37).
Ouça seu filho: Não há relacionamento que possa ser construído sem a boa vontade e a paciência de querer ouvir com atenção as palavras e o coração do outro.
Ensine seu filho a falar e a trazer a você suas lutas e dificuldades, a partir de um “ouvido” receptivo, respeitoso e atento (ver Salmo 4:1).
Dê seu tempo: Nesta correria da vida moderna, quase sempre é mais fácil dar coisas, presentes e até dinheiro, mas isso produz relacionamentos pobres e frágeis. Relacionamentos verdadeiros são formados quando eu dou de mim: meu tempo, minha vida; isso demonstra o que é prioritário (ver Deuteronômio 6:6-9).
Discipline: Um relacionamento real, forte e maduro é feito de limites, pactos e compromissos, para dar direcionamento, segurança e confiança. Se não existirem regras
e respeito a elas, as relações tornam-se frágeis e insustentáveis (ver Gênesis 2:16, 17).
Seja coerente e mostre Deus: Nossos filhos são inspirados por aquilo que veem em nós. Nossas palavras são necessárias para reforçar um conceito e/ou orientação,
mas nossas ações é que dão o “rumo” (ver 1 Pedro 5:2-4).
Envolva-se nas atividades missionárias da igreja e leve seus filhos: Nosso exemplo como pais é fundamental para demonstrar o valor e a importância de algo ou alguma atividade. Muitos pais até se envolvem em atividades missionárias na igreja, mas se esquecem de envolver seus filhos com eles nessas atividades. Às vezes, é mais trabalhoso com as crianças e adolescentes, mas a transmissão da paixão pela missão é muito mais eficiente
e real (ver Deuteronômio 6:6-9).
Conclusão
Uma relação de amor verdadeiro pelo Espírito Santo é o vínculo da verdade para transmitir, aos nossos filhos e à futura geração de líderes cristãos, o amor pela verdade
e a paixão pela missão e pelas almas por quem Cristo morreu. Nosso maior desafio como pais e família é exatamente compartilhar e inculcar em nossos filhos este compromisso com a missão de Cristo. Ellen G. White nos orienta: “Nossa ocupação neste mundo… é descobrir que virtudes podemos ensinar a nossos filhos e nossa família, a fim de que exerçam influência sobre outras famílias, e assim podemos ser uma força educadora ainda que jamais venhamos a abraçar o magistério. Uma família bem ordenada e disciplinada é mais preciosa aos olhos de Deus do que ouro fino, mesmo que o mais fino ouro de Ofir”
(Fundamentos do Lar Cristão, p. 17).
Pr. Alacy Barbosa
Departamental do Ministério da Família – DSA