Vitória no Céu

SEMANA SANTA

Por Walter Steger – pastor e tradutor de inglês, trabalha como editor da ACES

No dia 6 de fevereiro de 2023, dois
terremotos terríveis abalaram a Turquia e
a Síria. Os danos materiais causados por
esses sismos na Turquia passaram dos 100
milhões de dólares, de acordo com um cálculo feito pelo Banco Mundial, pela ONU,
pela União Europeia (EU) e pelo governo
turco. Aqueles que foram ajudar nos dias
seguintes descreveram cenas “apocalípticas” no estado de Hatay, o mais afetado na Turquia. Milhares de casas foram destruídas.
Mas o mais terrível foi a quantidade de vítimas. Depois de um mês da tragédia, estimava-se que mais de 52.000 pessoas morreram, com mais de 122.000 feridos.
Muitas vítimas foram esmagadas enquanto dormiam. Nos dias seguintes aos sismos,
procurando desesperadamente nos montões de escombros de um edifício, alguns se
regozijavam ao encontrar seus entes queridos com vida, enquanto outros choravam
desconsoladamente ao desenterrar os corpos inertes de seus amados.
A pergunta que vem a nossa mente nesses momentos: Por que alguns se salvam
e outros morrem? É uma questão de azar? A verdade é que ninguém tem a vida comprada. Todos nós estamos expostos ao perigo e à morte; mas para os que acreditam
em Deus o assunto é mais complexo, e podemos perguntar: Por que o Onipotente
permite que essas calamidades aconteçam?
Vamos considerar outra situação atual: Clara olha pela janela de sua cozinha e vê
sua filhinha de 7 anos brincando com sua amiguinha da mesma idade. Ambas parecem perfeitamente felizes e saudáveis. Mas há uma diferença: acabaram de diagnosticar um câncer terminal na filha de Clara. Em seu desespero, Clara levanta os olhos
para os Céus e clama: “Senhor, por que a minha filha? Por que os inocentes sofrem?”
Clara tem o direito de fazer essa pergunta? Sim, claro que sim.

Novamente perguntamos: Qual é a diferença? Por que alguns sofrem e morrem
injustamente e outros se salvam? Deus é culpado por essas tristes realidades? Há resposta para essas perguntas?
Graças a Deus, a Bíblia tem todas as respostas, especialmente no livro de Apocalipse. Mas, para obtê-las, devemos viajar ao passado muitos séculos e milênios, para um
tempo remoto no passado do Universo, antes da criação do mundo.

  1. “No princípio… Deus” (Gênesis 1:1)
    Deus sempre esteve, sempre existiu. E com Ele, Seu filho, Jesus Cristo (Cl 1:16-17), e
    o Espírito Santo (Gn 1:2).

A Bíblia nos diz que Deus é um Deus de amor (1Jo 4:8). Em harmonia com esse pensamento, a Bíblia também diz que tudo de bom vem de Deus: “Toda boa dádiva e todo
dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem
sombra de variação” (Tg 1:17; ver também Rm 8:28).
Deus é o único Doador de vida, porque Ele é a vida (Jo 14:6). Ele não tem princípio
nem fim, é eterno. Deus Se deleita em criar, porque é um Deus de amor, e deseja ter
criaturas para amar e cuidar. Ele dá a vida, mas não causa a morte, nem o mal, nem o
sofrimento. Então quem é o responsável por tudo isso?
A Palavra de Deus nos diz que antes de criar a Terra e tudo que nela há, incluindo os
seres humanos, Deus criou os anjos (Jó 38:4-7; Hb 1:7). Os anjos são “espíritos ministradores” (Hb 1:14), criados um pouco maiores que os homens (Sl 8:5); foram criados
para servir a Divindade (Sl 103:20). O líder supremo das hostes angelicais era o Arcanjo
Miguel, mais conhecido como Jesus Cristo, o Filho, a segunda pessoa da Trindade.
Ele não foi criado, mas participou com o Pai da criação (ver João 1:1-18; Colossenses
1:16, 17).
A Bíblia menciona diferentes tipos de anjos. Menciona o Arcanjo Miguel (Jesus),
menciona serafins e querubins. Todos eram perfeitos. Cada um tinha sua função, e
todos viviam em perfeita harmonia, felizes em servir a um Deus de amor.

  1. “… então, Lúcifer” (Isaías 14:12)
    Mas havia um anjo, criado por Deus, que era diferente dos demais. A Palavra de Deus
    diz, em Ezequiel 28:14-17, que Deus criou um querubim protetor, que ficava no santo
    monte de Deus. Era o anjo mais importante e ocupava o segundo lugar depois de

Jesus Cristo, o Arcanjo.
Esse querubim, ou anjo, se chamava Lúcifer (Is 14:12), ou “filho da manhã”. Tinha
características maravilhosas. O livro do profeta Ezequiel nos diz que ele era perfeito,
bonito, sábio e esplendoroso.
Além disso, ele tinha qualidades de um líder nato. Mas quem havia outorgado todas essas qualidades para esse maravilhoso anjo de luz? Deus, é claro. Ele o criou e o
criou perfeito, assim como qualquer criação de Deus. Ao ver todas as suas qualidades,
Lúcifer poderia tomar uma das duas atitudes:
Lamentavelmente, Lúcifer escolheu a segunda atitude. A Bíblia fala sobre ele: “E
tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o
meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte.
Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:13, 14).
Deus também dá qualidades a cada um de nós, e quando olhamos no “espelho” e
vemos todas as nossas habilidades, dons e talentos, também devemos escolher entre
estas duas atitudes: dar glória a Deus ou nos exaltarmos e nos orgulharmos, como
Lúcifer.
Pouco a pouco, quase imperceptivelmente, esse anjo de luz foi guardando orgulho
em seu coração. Seu próprio orgulho o levou a invejar Deus e cobiçar a posição de Jesus Cristo, o Filho. Ele começou a duvidar do amor e da justiça de Deus, e quando se
convenceu de sua própria exaltação, traçou um plano de ação para “derrotar” Deus.

  1. Começa o conflito
    Assim como nas fake news, o conflito entre o bem e o mal envolve a disseminação de
    informações distorcidas e enganosas. Nas fake news, vemos a propagação intencional de informações falsas, com o objetivo de manipular a opinião pública ou alcançar
    determinados interesses. Da mesma forma, na Bíblia, o mal é retratado pelo enganador, que tenta levar as pessoas para longe da verdade e da retidão. Além disso, assim
    como as fake news podem ter consequências prejudiciais para a sociedade, o conflito
    entre o bem e o mal na Bíblia também destaca os danos causados pelas escolhas
    1 – “Muito obrigado, Senhor, porque em Tua misericórdia me outorgaste
    essas qualidades, dons, talentos e características positivas. Eu Te louvo e
    Te consagro o que me deste, para servir-Te em primeiro lugar”.
    2 – “Olhem que qualidades maravilhosas eu tenho! Sou sábio, bonito,
    perfeito, tenho todas as características positivas que poderia desejar. Não
    preciso de Deus. E mais, eu sou tão perfeito que posso ocupar o lugar de
    Deus. Posso ser meu próprio Deus”.

erradas e pela desobediência aos princípios morais. Portanto, embora pertençam a
contextos diferentes, tanto as fake news quanto o conflito entre o bem e o mal revelam a importância da busca pela verdade e pelo discernimento para a promoção do
bem e a salvação eterna.
Foi exatamente o que Lúcifer fez. Começou a semear dúvidas entre os outros anjos,
tentando convencê-los de que ele era tão justo e perfeito quanto Deus, e ainda mais
justo que Deus, de que ele merecia a posição que o Filho ocupava, de que Deus era
um Deus injusto e de que suas leis eram injustas.
Pouco a pouco, Lúcifer conseguiu convencer milhares de anjos a se juntarem à sua
rebelião. As Escrituras dizem que, eventualmente, um terço dos anjos do Céu ficou do
lado de Lúcifer e se rebelou contra Deus (Ap 12:4).
A situação ficou insustentável. Lúcifer desafiou abertamente a Deus, e pela primeira
vez houve discórdia e guerra no Céu. A Palavra de Deus diz em Apocalipse 12:7: “E
houve batalha no Céu: Miguel e os Seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos”.
Então, como em qualquer batalha, houve um vencedor: Jesus Cristo, apresentado
nessa passagem de Apocalipse como o Arcanjo Miguel. Jesus é vencedor. Sempre foi
e sempre será. Sua morte na cruz e Sua ressurreição garantiram a vitória para sempre.
Por isso, é importante sempre lembrar que, não importa o que aconteça, se estivermos do lado certo, sairemos vencedores com Cristo Jesus (Rm 8:37).
E o que aconteceu com Lúcifer, agora o dragão, e seus anjos? O livro de Apocalipse
continua dizendo: “Mas não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou nos céus. E
foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que
engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados
com ele” (Ap 12:8, 9).

Lúcifer foi expulso do Céu. É um inimigo vencido. Agora, por que Deus não o destruiu
de uma vez? Por que o expulsou do Céu e o deixou continuar com sua rebelião? Porque se Deus o tivesse destruído imediatamente, isso teria contribuído para aumentar
as suspeitas e dúvidas semeadas na mente dos outros anjos. Deus precisou deixar que
a rebelião de Satanás seguisse seu curso natural. Assim, as consequências do pecado
e da desobediência a Deus seriam demonstradas. Uma escritora cristã o descreveu
desta forma:

A rebelião de Satanás deveria ser uma lição para o Universo, durante
todas as eras vindouras – perpétuo testemunho da natureza do pecado
e de seus terríveis resultados. A atuação do governo de Satanás, seus
efeitos tanto sobre os homens como sobre os anjos, mostrariam qual
seria o fruto de se pôr de parte a autoridade divina. Testificariam que,
ligado à existência do governo de Deus, está o bem-estar de todas as
criaturas que Ele fez. Assim, a história desta terrível experiência com a
rebelião seria uma salvaguarda perpétua para todos os seres santos,
para impedir que fossem enganados quanto à natureza da transgressão,
para salvá-los de cometer pecado, e de sofrerem sua pena. Aquele que
governa no Céu é O que vê o fim desde o princípio – o Ser perante o
qual os mistérios do passado e do futuro estão igualmente expostos, e
que, para além da miséria, trevas e ruína que o pecado acarretou, contempla o cumprimento de Seus propósitos de amor e bênçãos. Se bem
que ‘nuvens e obscuridade estão ao redor Dele, justiça e juízo são a
base de Seu trono’. Salmos 97:2. E isto os habitantes do Universo, tanto
fiéis como infiéis, compreenderão um dia. ‘Ele é a Rocha, cuja obra é
perfeita, porque todos os Seus caminhos juízo são; Deus é a verdade, e
não há Nele injustiça: justo e reto é’. Deuteronômio 32:4” (Patriarcas e
Profetas, p. 16).

Essa grande verdade apresentada na Palavra de Deus explica como o pecado
surgiu e como o mal continua no Universo, e não é culpa de Deus. Lúcifer continua
ainda hoje, não no Céu, mas aqui na Terra. Ele é o originador do mal, do pecado e do
sofrimento. Ele introduziu o pecado e a morte em nosso mundo e em nossas vidas.
No entanto, querido amigo e amiga, existe esperança. O autor do bem é Deus, o originador do mal é Satanás. Esse conflito que começou no Céu continua aqui na Terra,
especialmente em nossos corações. Deus procura salvar o ser humano e restaurar não
somente a humanidade, mas todo o Universo, à perfeição original que existia antes da
rebelião de Lúcifer.
É claro que o inimigo se opõe a esse propósito do Deus Salvador e
fará o possível para nos distanciar de Cristo e da oportunidade de salvação. Mas há uma coisa que Satanás não pode forçar: nossa vontade. Cada
um de nós deve tomar uma decisão. A pergunta é: De que lado você deseja estar, do bem ou do mal? A quem você dará sua lealdade: a Deus ou a Lúcifer?
Deus está chamando você da cruz do Calvário. Ele o ama e deu tudo por você.
Escolha Deus, escolha o bem, escolha a vida!