“Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir se não
for obrigado por mão forte.” Êxodo 3: 19
Quem é nosso maior inimigo?
Um acadêmico inglês,
vigário da Oxford University, chamado Robert Burton,
disse: “O maior inimigo do homem é o homem”. Burton viveu 62 anos e faleceu em 1640. Pense no que ele diria a respeito do homem se vivesse em nossos dias.
Depois de 1640, a história humana protagonizou várias
atrocidades como guerras, ataques terroristas, miséria
e fome. Não é preciso voltar muitas páginas do livro
que continua a ser escrito. Basta acompanhar as últimas notícias da TV ou navegar por algumas páginas da internet, e já encontraremos argumentos para sustentar o pensamento de que nossas escolhas e ações nos
colocam na lista de inimigos. Não resta dúvida de que
o homem pode ser causador de sofrimento e dor. Mas
seria ele próprio seu maior inimigo?
Em algumas ocasiões, não conseguimos perceber
nas atitudes de hoje, por mais prazerosas que aparentemente possam ser, o nascimento dos inimigos do
amanhã. Não podemos viver sem reconhecer nossos
erros, pois se assim for, não haverá mudança e crescimento. É preciso admitir que o principal ingrediente na receita do presente é o passado. Nós já sabemos que
não teremos resultados diferentes fazendo as mesmas
coisas e que mudar é imperativo.
Você gostaria de viver em um lugar melhor, onde lágrimas não serão mais derramadas? Você também se
sente incomodado com a falta de perspectiva futura,
instabilidade financeira, relacionamentos destruídos e
morte de queridos? Se a resposta é sim, significa que
nós estamos em condições semelhantes à do povo de
Deus no Egito. Você tem muitos motivos para sair, mas
parece que a cada dia surgem mais correntes que te ligam a essa situação? Toda ação em favor de um encontro com Deus resultará na reação do inimigo da vida.
Afinal, ele não deseja sua partida.
- Existem um inimigo e uma guerra
Agosto de 1945 tem um dos mais tristes registros
históricos. A tragédia em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, com o lançamento das bombas atômicas no final
da Segunda Guerra Mundial, pintou um dos cenários
mais devastadores já vivenciados. Em entrevista ao fotojornalista Lee Karen Stow, a senhora Teruko Ueno, uma das sobreviventes, relatou: “Não estive no inferno,
então não sei como é, mas o inferno é provavelmente o
que passamos. Nunca deve ser permitido que aconteça
novamente” (BBC NEWS BRASIL, 2020). Esse é um sentimento compartilhado por todos que vivenciam o sofrimento. Independentemente da proporção pública que
tenha a nossa dor, e por mais íntima que seja, o desejo
é que ela não ocorra mais.
Vivemos uma guerra e seus desastres, que é a batalha mais antiga, uma tensão principal que explica a origem de todas as dores e tragédias. “Então estourou
a guerra no céu. Miguel e os seus anjos lutaram contra
o dragão. Também o dragão e os seus anjos lutaram,”
(Ap 12:7).
Esta guerra começou no céu e veio para a Terra. O
“sedutor de todo o mundo” (Ap 12:9), através do engano, introduziu as circunstâncias que hoje conhecemos.
O mundo perfeito que Deus criou foi invadido e levado
ao caos. No Egito, o principal inimigo foi representado
por Faraó, mas “o grande dragão, a antiga serpente, que
se chama diabo e Satanás” (Ap 12:9), é “o deus deste
mundo” (2Co 4:4), e ele continua a agir especialmente
contra aqueles que desejam servir a Deus (Ap 12:17).
Satanás está movimentando seus exércitos. Estamos
nós individualmente preparados para o terrível conflito que está mesmo à nossa frente? Estamos preparando nossos filhos para a grande crise? Estamos
nos preparando a nós mesmos e a nossa casa para
conhecer a posição do adversário e seus métodos
de guerra? Estão nossos filhos formando hábitos de
decisão, para que possam estar firmes e inamovíveis
em toda questão de princípio e dever? Oro para que
possamos todos compreender os sinais dos tempos,
a fim de que preparemos a nós mesmos e a nossos
filhos, de maneira que no tempo do conflito Deus
possa ser nosso refúgio e defesa. — The Review and
Herald, 23 de abril de 1889, ou LA, 186. Não podemos viver como se não houvesse um oponente. O Grande Conflito é real, “se nossos olhos pudessem abrir […] não haveria […] gracejos e brincadeiras”
(Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 40). É momento para
buscarmos toda a armadura de Deus (Ef 6:11-18). Precisamos equipar nosso coração e família com a verdade e justiça e marchar com o evangelho da paz, protegidos
pelo escudo da fé e pelo capacete da salvação. Nossa
principal arma continua sendo a Palavra. Portanto, a comunhão de nós todos deve permanecer sempre ativa,
dando espaço para o agir do Espírito Santo de Deus.
- Ele luta contra sua liberdade
Lucas é um jovem com muitos talentos que trabalhou um tempo como auxiliar de mecânico e, depois de
alguns poucos anos, montou o próprio negócio. A história de Lucas poderia continuar a ser escrita com muitas
alegrias, mas um elemento diferente apareceu: as drogas, que começaram como recreação, mas passaram a exigir muito mais de sua vida. Depois de ver tudo o que
construiu se transformar em moeda para sustentar o vício, ele passou a ser completamente refém da situação.
Sempre que conseguia pagar o débito anterior, o dominador lhe oferecia um pouco mais, mantendo Lucas sempre um escravo com dívida ativa em seus negócios.
É importante lembrar que Deus está ciente dessa
situação e, se não fosse assim, não teria dito: “Eu sei,
porém, que o rei do Egito não vos deixará ir” (Êx 3:19).
A intenção do inimigo de Deus é manter-nos escravos.
Todas as vezes que alguém nos convidar para sair do
Egito, se depender do opressor, a resposta será não. Se
qualquer um de nós perguntar para os problemas, vícios antigos, práticas pecaminosas, etc., a resposta sempre será não. Deus sabe disso. A questão é se nós estamos cientes. Conseguimos perceber que a intenção de Satanás é nos escravizar e que o motivo de benefícios
— pelo menos aparentes à primeira vista — é manter
nosso envolvimento e dependência?
Os egípcios, estando informados do que se divulgava
entre seus escravos, zombavam de suas expectativas,
e escarnecedoramente negavam o poder de seu Deus.
Apontavam para a situação deles como uma nação
de escravos, e com sarcasmo diziam: “Se vosso Deus
é justo e misericordioso, e possui poder superior ao
dos deuses egípcios, por que não faz de vós um povo
livre?” Chamavam a atenção para a sua própria condição. — Patriarcas e Profetas, p. 181.
Não aceite essa condição como sendo normal, porque a vida pode ser diferente. Essas algemas devem ser quebradas, e nós não precisamos terminar como escravos neste lugar. As correntes figuram os diversos pecados, e, neste momento, você pode estar sendo tentado
a dizer para si mesmo que seu caso é impagável e que
sua dívida está além das condições humanas. Mas não
se assuste com esta afirmação: Você está certo! Isso
mesmo! Você nunca fará o que só Cristo pode e já fez,
ou seja, pagou o preço. “Sabendo que não foi mediante
coisas[…] como prata ou ouro, […] mas pelo precioso
sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o
sangue de Cristo,” (1Pe 1:18-19).
- Uma questão de escolha, não de força
Jobert estava longe de sua cidade, da família e dos
amigos cristãos. Ele havia deixado a região onde morava com a intenção de buscar mais oportunidades de
estudo e trabalho. Na despedida, ele prometeu para
todos que se manteria firme nos princípios da fé, mas
depois de alguns meses sob outras influências, estava
perdido e vivendo escolhas degradantes. Ao revelar o
desejo de acertar a vida para seu novo grupo de convivência, ele foi ridicularizado. A mãe de sua namorada,
após retornar de um terreiro de macumba, lhe disse:
“Eu vi que você jamais sairá desta situação e que esta
é sua vida agora”. Contrariando os apelos e indicações
tenebrosas, Jobert voltou para casa, devolvendo o coração a Deus.
Talvez você esteja se perguntando se Jobert enfrentou desafios depois disso. Certamente, porém, ele vive hoje no melhor lado da guerra. O Egito e Faraó disseram não muitas vezes para os que desejavam a liberdade no Senhor. Entretanto, isso não definiu o resultado.
O fantástico é que essa história nos revela algo muito
especial sobre o poder dos oponentes no Grande Conflito. Claramente, as 10 pragas evidenciaram que não existe nada compatível ou à altura do poder do Senhor.
A mão de Deus é infinitamente mais forte, como diz o
salmista: “O teu braço é armado de poder, forte é a tua
mão…” (Sl 89:13).
“Moisés fora prevenido de que Faraó resistiria ao
apelo de deixar ir Israel. Todavia a coragem do servo
de Deus não devia faltar pois o Senhor com isto aproveitaria a ocasião para manifestar Seu poder perante os egípcios e perante Seu povo. “Eu estenderei a Minha
mão, e ferirei ao Egito com todas as Minhas maravilhas
que farei no meio dele; depois vos deixará sair”. Êxodo
3:20” (Patriarcas e Profetas, p. 176).
Não será a diferença de poderes entre o Autor da
vida e o inimigo dela que definirá o resultado dessa guerra para cada indivíduo. A vitória de Miguel já é certa, e o desfecho de vida ou morte estará no fato de
termos ou não os umbrais do coração marcados pelo
sangue do Cordeiro (Êx 12:1-28).
Hoje é dia de testemunhar, um momento oportuno
para decidirmos nos colocar ao lado de Deus e, mesmo
em face da morte, não amarmos a própria vida. Sobre
esse futuro glorioso, João afirma: “[…] venceram por
causa do sangue do Cordeiro […]” (Ap 12:11). Você também não gostaria de levar essa marca de vitória em sua vida?
- Haverá novo Céu e nova Terra, e os sofrimentos terão
um fim definitivo. Essa não é apenas uma promessa,
mas um convite forte e verdadeiro. O Senhor deseja
enxugar lágrimas, curar feridas e fazer novas todas as
coisas (Ap 1:1-5). Hoje não é o dia de focar no que nos
escravizou, mas de olhar para Aquele que deseja nos
libertar com mão forte. Devemos dizer para o que é
público, ou até mesmo para os pecados mais ocultos,
que nossa vida terá um novo dono a partir de hoje. Vamos declarar para todas as correntes que nos afligem que hoje nós seremos felizes, pois seremos lavados
pelo sangue do Cordeiro (Ap 22:14). Em Jesus, podemos fazer parte da vitória pela vida, vencendo o inimigo com o poder e a glória que pertencem ao nosso
Deus! (Ap 19:1, 2).