Amar é agradecer

Semana Jovem 2023

Imagine que você está em
um transatlântico e cai no
mar sem saber nadar e começa
a se afogar. Alguém no convés
vê você se debatendo na água e
imediatamente joga para você um
salva-vidas. Logo antes de perder
a consciência, você se apega a ele
para se salvar. Eles o trazem para o
convés e você tosse a água de seus
pulmões. As pessoas se reúnem
ao seu redor, felizes por você estar
seguro e esperando ansiosamente
por sua recuperação. Quando você
finalmente recupera o fôlego, assim
que abre a boca, diz: “Você viu
como me agarrei ao colete salva-vidas,

com que força me agarrei
a ele? Você notou a definição do
meu bíceps e a destreza dos meus
pulsos?”
Certamente seria uma situação
desconcertante e beirando à
insanidade chamar a atenção para
a maneira como você cooperou no
esforço do resgate, descartando o
real ponto do que aconteceu: eles
salvaram você! Seria mais racional
você encontrar imediatamente

a pessoa que lhe jogou o colete
salva-vidas e agradecê-la. E não só
por obrigação… Você iria abraçá-la,
perguntar o nome dela, convidá-la
para jantar, quem sabe até lhe daria
sua cabina!6
Queridos jovens, a gratidão
é uma resposta natural à
salvação; não requer coerção ou
encorajamento. À medida em
que a pessoa entender o que
aconteceu, a gratidão fluirá natural
e abundantemente de seu coração.

Neste sermão, quero que
meditemos sobre uma história de
amor e gratidão que ficou registrada
no evangelho de Lucas, capítulo 7,
versos 36 a 50. Devido ao espaço,
não poderemos apresentar todos os
detalhes dessa maravilhosa história,
portanto, focaremos apenas nas
principais pessoas envolvidas na
trama.
Segundo a história, um homem
chamado Simão convidou Jesus
para sua casa a fim de entretê-lo
com uma festa em sua homenagem.
Mas quem era Simão e por que
ele queria agradar a Jesus? Simão
era fariseu e, como todos sabem,
os fariseus faziam parte de uma
elite religiosa muito famosa na
época de Jesus. De acordo com os
estudiosos da Bíblia, os fariseus se
consideravam melhores do que
o restante do povo, chamando-se até mesmo de “separados”. Os
fariseus eram observadores estritos
da lei e das tradições judaicas. Eles
não se contentavam em obedecer
aos mandamentos mostrados
por Deus, mas “acrescentavam”
suas próprias regras e costumes
ao que Deus havia ordenado. Por
exemplo, o Senhor havia deixado
o quarto mandamento que exige
a observância do sábado como dia
de descanso (Êxodo 20:8-11); esse
mandamento deveria ser um “santo
dia” (Isaías 58:13), mas os fariseus o
tornaram um fardo insuportável.
Simão era fariseu, então por
que convidou Jesus para sua
casa? O Senhor o havia curado
da terrível lepra (Mateus 26:6),
por isso, Simão convidou Jesus
para uma grande festa. Mas o
que levou esse fariseu a dar essa
festa? Analisando detalhadamente
o desenvolvimento da história,
podemos dizer que Simão não foi
movido pela gratidão, mas pela
“responsabilidade” de pagar um
favor.
Ao contrário de Simão, havia no
recinto uma mulher que não havia
sido convidada para a festa, mas que,
sabendo que Jesus estava na casa
do fariseu, resolveu comparecer
para dar um presente ao Senhor.
Quem era essa mulher? Queridos

jovens, há muitas discussões sobre
sua identidade, mas geralmente ela
é identificada como uma mulher
“pecadora” (Lucas 7:36-39).
Alguns acreditam que essa
mulher é nada mais nada menos
que Maria Madalena, irmã de Lázaro
e Marta.7 Ela aproximou-se de Jesus
com perfume caro e “estando por
detrás, aos pés de Jesus, chorando,
molhava-os com as suas lágrimas
e os enxugava com os próprios
cabelos. Ela beijava os pés de Jesus
e os ungia com o perfume” (Lucas
7:38).
Olhando para isso, Simão, o
fariseu, disse a si mesmo: “Se este
fosse profeta, bem saberia quem
e que tipo de mulher é esta que
está tocando nele, porque é uma
pecadora” (Lucas 7:39).
Nosso Senhor leu os
pensamentos do fariseu e disse-lhe: “Simão, tenho uma coisa para
lhe dizer […] Certo credor tinha dois
devedores: um lhe devia quinhentos
denários, e o outro devia cinquenta.
E, como eles não tinham com que
pagar, o credor perdoou a dívida
de ambos. Qual deles, portanto,
o amará mais? Simão respondeu:
Penso que é aquele a quem mais
perdoou. Jesus disse: Você julgou
bem” (Lucas 40-43).
A mulher pecadora só recebeu
luxúria ou julgamento dos homens.
Muito provavelmente, todos os
homens em sua vida a tinham
explorado ou condenado, mas não
Jesus. Ele a via como mais do que
apenas “aquela mulher pecadora”.
Ele viu um ser humano, uma pessoa
que precisava de amor, aceitação e
perdão, assim como todo mundo.
O amor moveu esta mulher com
gratidão. Ellen White, referindo-se
a esta história fascinante, escreveu:
“Em Sua misericórdia perdoara
Jesus os seus pecados, chamara do
sepulcro seu bem-amado irmão,
e a alma de Maria estava cheia de
reconhecimento”.
Sim, queridos jovens, o amor
levou Maria Madalena à gratidão,
porque a gratidão é uma resposta
natural à salvação. Um coração
cheio do amor e do perdão de Deus
viverá grato. Amar é agradecer!

E o que você acha que aconteceu
a seguir com Maria Madalena? Pois,
pela graça de Jesus, ela se tornou
participante da natureza divina. Ela,
que havia caído, e cuja mente havia
sido morada de demônios, foi posta
em íntima comunhão e ministério
com o Salvador. Foi Maria quem se

sentou a Seus pés e aprendeu Dele,
que estava junto à cruz e seguiu o
Senhor até o sepulcro. Maria foi a
primeira a ir até a sepultura após Sua
ressurreição; de fato, foi a primeira a
anunciar o Salvador ressuscitado.
Maria entendeu que Jesus
poderia remover sua culpa e
vergonha, dar-lhe um novo coração
e um futuro. Quanto mais ela se
lembrava de seu pecado, maior
Jesus parecia. Quanto mais ela
chorava por causa de seu pecado,
mais ela se deleitava no Salvador.
Sua vida foi um testemunho de
gratidão constante porque seu
coração estava cheio do amor de
Jesus. Queridos jovens, o amor
deve nos levar à gratidão. A história
de Maria nos ensina que amar é
agradecer!

Os teólogos Maldonado e Cornelio á Lapide afirmam veementemente que esta mulher
era Maria Madalena e que a unção aqui relatada é a mesma que ocorreu em Betânia,
sendo descrita por Mateus, Marcos e João. Ellen White, no capítulo 62 de seu livro O
Desejado de Todas as Nações chega à mesma conclusão.


Hoje convido você a agradecer a
Deus por seu perdão e amor. Erga
sua voz, junto com Davi, com as
seguintes palavras:

“Bendiga, minha alma, o Senhor,
e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendiga,
minha alma, o Senhor, e não se
esqueça de nem um só de seus
benefícios. Ele é quem perdoa
todas as suas iniquidades; quem
cura todas as suas enfermidades;
quem da cova redime a sua
vida e coroa você de graça e misericórdia. É ele quem enche de
bens a sua vida, de modo que a
sua mocidade se renova como a
da águia”.

8Ellen G. White. O Desejo de Todas as Nações, p. 391.

Questões para reflexão e estudo

  1. O que é gratidão para você e como ela deve fluir?
  2. O que podemos aprender no evangelho de Lucas, capítulo 7,
    versos 36-50, a respeito da gratidão?
  3. O que moveu Maria Madalena à gratidão? Como Jesus a viu e
    o que aconteceu com ela depois que todos os seus pecados foram
    perdoados?