Liberdade

SEMANA SANTA – Por Eduardo Kahl – formado em Teologia e editor de livros da ACES

Há quinze anos, um professor universitário foi preso e encarcerado. De acordo com os líderes do país, o motivo da
prisão foi o fato de ele estar incitando a
subversão contra o Estado. Por ter expressado pontos de vista divergentes e por ter feito parte de um movimento
democrático pacífico, esse professor
perdeu seu cargo, o direito de publicar
seus escritos e a oportunidade de falar
em público.
Em uma carta aberta emotiva escrita da prisão, esse professor disse:
“Sinto-me totalmente imbuído de um
otimismo esperançoso no qual a liberdade chegará neste país no futuro, porque não existe força alguma que possa conter o desejo humano de liberdade. No fim, nosso país se tornará um lugar no qual a lei
imperará e os direitos humanos estarão acima de tudo”. O anseio pela liberdade está
gravado em cada fibra de nosso ser. Quando a justiça não é feita, quando a lei não é
cumprida, quando pessoas corruptas governam ignorando as leis ou criando leis injustas de acordo com seus caprichos, apenas em benefício próprio, surge no coração
o grito de liberdade e justiça.
Jesus garantiu que “todo aquele que comete pecado é servo do pecado” (Jo
8:34). Existe maior opressão que a escravidão? Todo escravo clama para ser livre de
suas correntes, para viver uma vida em liberdade sob leis justas? Jesus disse sobre Si
mesmo: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres” (Jo 8:36). Hoje
quero convidar você a conhecer três mensagens do livro do Apocalipse que nos chamam para viver uma experiência de liberdade por meio de Cristo, o Cordeiro que nos
representa no juízo investigativo.

  1. A mensagem dos três anjos
    Em meio às cenas finais da Terra, Satanás procurará enganar e obrigar as pessoas
    a realizarem uma adoração falsa, até mesmo sob pena de morte. E nesse momento,
    que está próximo, Deus nos convida a fugir desses enganos e nos refugiar Nele. O
    importante é seguir o Cordeiro para onde quer que Ele vá (Ap 14:4).
    O livro do Apocalipse descreve três anjos proclamando ao mundo mensagens especiais. O texto bíblico diz: “E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e
    língua, e povo” (Ap 14:6).
    Na verdade, não aparecerão anjos visíveis para pregar o evangelho. Esses anjos
    simbolizam as pessoas que estão proclamando o importante aviso dessa mensagem.
    O fato de voarem pelo céu e proclamarem com grande voz indica a velocidade e a
    extensão global dessa mensagem.
    Diz-se que o anjo voa com o “evangelho eterno”. O evangelho é eterno porque
    desde o começo do pecado e do sofrimento neste mundo, Deus prometeu um Salvador que iria ao campo de batalha para desafiar o poder de Satanás e vencê-lo. A
    mensagem do evangelho anuncia que Cristo veio ao nosso mundo para nos mostrar
    o verdadeiro caráter de Deus e de Sua lei.
  2. A mensagem do primeiro anjo
    O primeiro anjo diz com grande voz: “Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda
    é a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das
    águas” (Ap 14:7). Para temer a Deus e adorá-Lo, devemos obedecer à Sua lei. O sábio
    Salomão diz: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever
    de todo homem” (Ec 12:13).
    Não é possível adorar a Deus sem obedecer aos Seus mandamentos! E o próprio
    João nos diz em sua primeira epístola: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos” (1Jo 5:3). E como damos glória a Deus? Quando revelamos Seu caráter no nosso e, dessa forma, o tornamos conhecido. Glorificamos a Deus
    de todas as formas que tornamos Jesus conhecido.
    O primeiro anjo diz que devemos temer a Deus “porque vinda é a hora do seu juízo”.
    Esse juízo acontece enquanto a humanidade ainda tem a oportunidade de se arrepender e buscá-Lo. É a respeito do ministério de Cristo no Lugar Santíssimo, também
    conhecido como o juízo investigativo, a obra final de Cristo na salvação da humanidade.

    O juízo já começou e continuará até que os casos de todas as pessoas sejam decididos, até o fim do tempo da graça dado a este mundo. Enquanto está acontecendo
    esse juízo, devemos sondar nossos corações com reflexão e oração. Não nos é pedido
    para examinar o coração dos outros, mas o nosso. Talvez descubramos que estamos
    escondendo algum mal. Poderíamos identificar defeitos em nosso caráter que devemos entregar ao Senhor. O Espírito Santo poderia nos mostrar que devemos fazer
    algo diferente em nosso próprio lar.
    A mensagem do primeiro anjo anuncia que chegou a hora do juízo de Deus. E se
    continuamos lendo, em Apocalipse 14:14-20, vemos que é feita referência à vinda
    do Filho do Homem nas nuvens do céu. Portanto, quando o primeiro anjo anuncia
    o Juízo, está anunciando que falta pouco tempo para a segunda vinda de Cristo. O
    evangelho eterno são boas-novas! Anuncia que Sua vinda está próxima!
    O primeiro anjo também faz este chamado: “E adorai aquele que fez o céu, e a
    terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7). O único que merece adoração é Deus,
    porque todos nós devemos nossa existência a Ele. O livro do Apocalipse diz: “Digno
    és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas”
    (4:11).
    Além disso, as palavras do primeiro anjo, “E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7), fazem uma clara conexão com o quarto
    mandamento: “Fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há” (Êx 20:11).
    Por isso, adorar a Deus e guardar Seus mandamentos inclui observar o quarto mandamento. Guardar o sábado é um ato de reconhecimento de que Deus é nosso Criador. O sábado foi dado para toda a humanidade na criação. Nunca esteve limitado a
    somente uma nação! Deus diz em Sua Palavra: “Lhes dei os meus sábados, para que
    servissem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o Senhor que os
    santifica” (Ez 20:12). Então, o sábado foi dado a todos os que, através de Cristo, fazem
    parte do Israel de Deus.
  3. O segundo e o terceiro anjo
    O segundo anjo anuncia que “Caiu a grande Babilônia” (Ap 14:8). A palavra “Babilônia” vem de “Babel” e significa “confusão”. É usada na Bíblia para designar as
    diferentes formas de religiões falsas ou apóstatas. Se vamos a Apocalipse 17, vemos
    que Babilônia é representada por uma mulher, figura usada na Bíblia como símbolo de
    uma igreja. E se em Apocalipse 12 uma mulher virtuosa simboliza uma igreja pura, da
    mesma maneira, a mulher adúltera de Apocalipse 17, chamada Babilônia, representa
    uma igreja apóstata.
    O anjo diz que a Babilônia “deu a beber do vinho da ira da sua prostituição” (Ap
    14:8). Esse cálice intoxicante representa as falsas doutrinas que surgiram da união da
    religião falsa com os poderosos do mundo, comprometendo a verdade. Por ter amizade com o mundo, o mundo corrompeu a fé da Babilônia. Por sua vez, a Babilônia
    exerce uma influência corrupta sobre o mundo ao ensinar doutrinas que contradizem
    as declarações mais claras da Palavra de Deus.
    A Babilônia tem promovido doutrinas venenosas, o “vinho” do erro. Esse vinho do
    erro é feito de falsas doutrinas. Alguns exemplos são a imortalidade da alma, o tormento eterno dos ímpios e a negação de que Cristo existia antes de Seu nascimento
    em Belém. Ainda mais danosas que essas (e mais amplamente aceitas) são as suposições de que a lei de Deus foi abolida na cruz e de que o primeiro dia da semana agora
    é um dia santo, em vez do sábado do quarto mandamento. Ao abraçar esses erros e
    rejeitar a verdade, uma igreja pode se tornar a Babilônia.
    Quando se insiste em recusar todas as verdades da Palavra de Deus, pouco a pouco a igreja vai declinando cada vez mais. O segundo anjo diz que a Babilônia “deu a
    beber do vinho da ira da sua prostituição” (Ap 14:8). Embora em muitas igrejas atuais
    seja possível ver um espírito de conformidade com o mundo ou de indiferença para
    com todas as verdades da Bíblia, a apostasia da qual o segundo anjo fala ainda não
    atingiu seu ápice.
    A queda da Babilônia não estará completa até que tenha chegado a essa condição
    e até que a união da igreja com o mundo tenha se consumado completamente em
    todo o mundo cristão. Mas existe uma boa-nova! Em meio a essa corrupção generalizada, Deus terá um povo na Terra que manterá a Bíblia e somente a Bíblia como regra
    de todas as doutrinas. Antes de aceitar qualquer doutrina, devemos sempre exigir um
    claro “Assim diz o Senhor”.
    Finalmente, o terceiro anjo dá uma forte advertência: “Se alguém adorar a besta
    e a sua imagem e receber o sinal na testa ou na mão, também o tal beberá do vinho
    da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira” (Ap 14:9, 10). Essa
    “besta” é símbolo de uma igreja corrupta que passa a ser política e usar leis civis para
    perseguir aqueles que não se submetem ao seu sistema de crenças errôneas (ver Apocalipse 13). O anjo adverte que aqueles que se submeterem a esses erros receberão
    uma “marca” e, por fim, enfrentarão o juízo de Deus.

    As mensagens dos três anjos terminam com palavras muito esclarecedoras. Para
    aqueles que ouvem e prestam atenção nessas mensagens, é dito o seguinte: “Aqui
    está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e
    a fé em Jesus” (Ap 14:12). Assim, a característica dos filhos fiéis de Deus é guardar os
    mandamentos de Deus e ter a fé em Jesus. Ambas as coisas são necessárias para estar
    preparados para o juízo.
    A lei de Deus será a norma para medir nosso caráter. Como o apóstolo Paulo diz:
    “Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei
    hão de ser justificados” (Rm 2:13). Por outro lado, a fé também é essencial para guardar a Lei de Deus, porque “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11:6).
    A Bíblia ensina que só podemos ser justificados diante de Deus pela fé. Quando
    Deus reduz nosso orgulho a pó e faz por nós o que não podemos fazer por nós mesmos, somos justificados pela fé. Quando vemos que não somos nada, estamos preparados para ser revestidos da justiça de Cristo. Jesus, nosso Advogado, intercede
    eficazmente por todos nós, e, pelo arrependimento e pela fé, confiamos nossas vidas
    aos Seus cuidados. Ele intercede por você e, com argumentos poderosos do Calvário,
    derrota Satanás, nosso acusador. Se você estiver revestido do manto da justiça de
    Cristo, estará diante Dele quando Ele vier. Satanás não pode arrancar você das mãos
    de Cristo!
    Para enfrentar o juízo, você não deve se distanciar de Cristo. Na cruz, “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (Sl 85:10). Então, olhe
    para o Calvário! Com a simples fé de uma criança, confie nos méritos do Salvador,
    aceite Sua justiça e acredite em Sua misericórdia. A fé em Cristo é nossa única esperança. Ele foi tratado como nós merecemos ser tratados. Veio ao nosso mundo e levou
    nossos pecados para que pudéssemos receber Sua justiça. Cristo pode salvá-lo de
    forma abrangente, completa e total!
    A vida que Jesus nos oferece é uma vida em liberdade. Hoje quero convidá-lo a
    dirigir seus olhos para Ele, para Seus méritos na cruz e Seu amor imutável pela humanidade. Quero convidá-lo a conhecer pessoalmente e experimentar o que Jesus pode
    ser para você. Se você confiar no que Cristo fez em seu favor, Ele promete lhe dar paz,
    repouso e segurança para sempre (Is 32:17).
    Quando chegar o tempo de angústia e provas, você não temerá mal algum. Ninguém pode acusar os escolhidos de Deus! O Senhor o justifica por causa de Cristo,
    que deu Seu sangue precioso para redimir você. Você quer aceitar a liberdade e a paz
    que Jesus lhe dá?
    Aceite hoje Seu convite!