Texto bíblico: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?” (Lucas 18:1-8).
Reflexão: Vários anos atrás visitamos o asilo de nossa cidade com a igreja. Nosso objetivo aquele dia era visitar Bina, uma das residentes cujo verdadeiro nome nunca soubemos. Bina tinha sido levada para o asilo após fazer uma cirurgia na perna, pois não tinha quem cuidasse dela.
Quando a encontramos, nós nos deparamos com uma senhora alegre que, apesar de não poder andar, estava sempre tentando levantar da cama e fazendo mil planos para quando recuperasse a força e pudesse andar. Ela nos contou muitas histórias, falou de sua família, principalmente da filha que morava em outra cidade, e nos pediu que orássemos por sua saúde. Desfrutamos de bons momentos com ela e nos divertimos muito com sua atitude positiva e suas brincadeiras.
Oramos por Bina e alguns meses depois voltamos ao asilo para visitá-la novamente. Olhamos ao redor, mas não a encontramos. Perguntamos por ela, e uma atendente nos mostrou uma senhora sentada em um sofá na varanda. Se não tivéssemos perguntado com certeza não a teríamos reconhecido, pois aquele senhora que antes nos recebera com alegria agora estava cabisbaixa olhando para o infinito.
Pegamos em sua mão e a cumprimentamos. Ela olhou assustada, mas não disse uma palavra. Perguntamos à atendente se ela conversava. Ela disse que sim e contou a Bina que sua filha acabara de ligar e mandara um abraço. Ao ouvir o nome da filha, Bina, como que despertou de um sono, abriu os olhos, sorriu e disse: “Minha filha ligou? Como ela está? Quando ela vem me visitar?” A enfermeira lhe disse: “Logo, logo ela vem.” Bina insistiu: “Mas quando?” “Logo, logo,” foi a resposta. Bina então fechou o sorriso, abaixou a cabeça e voltou a olhar para o infinito, ignorando completamente nossa presença.
Ficamos tristes, mas entendemos o que estava acontecendo. Quando conhecemos Bina, pela primeira vez, ela estava cheia de esperança de que logo andaria, de que logo receberia a visita da filha e de que sua vida melhoraria, mas nada disso aconteceu. Sua perna não melhorou, sua filha quase nunca lhe visitava e sua vida estava cada vez mais triste e desolada. Bina perdera a esperança.
Assim como Bina, muitos idosos em asilos, em lares de familiares e mesmo em suas próprias casas estão perdendo a esperança, devido a abusos que sofrem em silêncio. Segundo dados do Disque 100, a cada 10 minutos, um idoso sofre violência no Brasil, e as principais manifestações de violência aos idosos são: negligência e violência psicológica seguidas por abuso financeiro, violência física e outras formas de violência. Porém, o mais triste é que mais de 50% das violências são atribuídas aos próprios filhos e familiares.
Nesta época do ano quando a sociedade volta sua atenção para os abusados, vamos olhar para os idosos com um novo olhar, um olhar que expresse carinho. Vamos tirar um tempo para conversar com eles e demonstrar que alguém no mundo ainda se preocupa com eles. Acima de tudo, porém, vamos interceder por eles para que Deus Se manifeste de maneira real em sua vida e responda suas orações.
“Em todas as nossas relações devemos lembrar que há, na vida dos outros, capítulos fechados às vistas mortais. Há, nas páginas da memória, tristes histórias que são sagradamente guardadas de olhares curiosos. Aí se encontram registradas longas, renhidas batalhas com circunstâncias difíceis, talvez perturbações da vida doméstica, que enfraquecem dia a dia o ânimo, a confiança e a fé….
Compadecei-vos deles em suas provações, suas mágoas e decepções. Isto vos abrirá o caminho para os ajudar. Falai-lhes das promessas de Deus, orai com eles e por eles, inspirai-lhes a esperança” (Exaltai-O, p. 100).
Atividade: Visite um idoso essa semana, converse com ele, pergunte quais são suas necessidades e busque ajudá-lo. Adote-o, escrevendo seu nome em seu diário de oração, orando por ele e visitando-o regularmente.